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Mulheres que recebem o diagnóstico de câncer de mama iniciam um jornada que exige a tomada de decisões que terão impacto permanente na sua qualidade de vida, como, por exemplo, a reconstrução mamária.
Meu objetivo como cirurgiã plástica é expor as diversas possibilidades de reconstrução e auxiliar a paciente neste processo.
Quem eu devo procurar para realizar meu tratamento do câncer de mama?
Esta é uma dúvida muito frequente e de fundamental importância.
O tratamento do câncer de mama é multidisciplinar, ou seja, vários profissionais de saúde estarão envolvidos no seu tratamento. O primeiro profissional que deverá ser consultado é o mastologista, e ele realizará o encaminhamento para sua equipe.
A equipe deve ser formada por mastologista, oncologista clínico, radioterapeuta, cirurgião plástico, enfermeira, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo.
Cada especialista irá oferecer o melhor tratamento em sua área, levando, assim, sucesso ao tratamento do câncer e qualidade na reconstrução mamária.
Que perguntas devo fazer ao meu mastologista?
O tipo de tratamento realizado para o câncer de mama é um dos fatores principais na determinação do resultado estético da mama reconstruída, por isso uma discussão detalhada com o seu mastologista é fundamental.
O tratamento do câncer de mama pode ser conservador, ou seja, com retirada de parte da mama associada a radioterapia pós-operatória, ou o tratamento pode ser radical, que consiste nas diversas formas de mastectomia, com retirada total da mama.
Se a sua indicação é a retirada de toda a mama, discuta com seu mastologista sobre as opções de mastectomia, pois elas vão definir qual será a melhor forma de reconstrução.
• tradicional
• preservadora de pele (skin sparing)
• preservadora de aréola (nipple areola sparing)
Discuta também com seu mastologista a necessidade de realização de radioterapia após a cirurgia. A realização de radioterapia afeta a reconstrução de mama e pode, inclusive, determinar a mudança na indicação da reconstrução.
Como sei se tenho risco genético para o desenvolvimento de câncer de mama?
Você pode fazer um teste para determinar mutações genéticas. As mais conhecidas são BRCA1 e BRCA2, que carregam um risco mais elevado de desenvolvimento de câncer de mama e de ovário. Para as pacientes com BRCA positivo o risco de desenvolver câncer de mama ao longo da vida é de 85%.
São fatores de risco que dever ser considerados:
• Ter outro membro da família que foi testado positivo para a mutação do BRCA;
• História familiar de câncer de mama jovem;
• Ter tido câncer de mama jovem (antes dos 45 anos);
• História familiar de câncer de ovário.
Se você fizer o teste genético e o resultado for positivo, a mastectomia profilática bilateral pode vir a ser recomendada e, se realizada, reduz o risco de desenvolvimento do câncer de mama. Discuta essas opções com seu mastologista.
Quais são as opções para a reconstrução de mama?
Existem várias opções para a reconstrução da mama e essa indicação é personalizada para você. Muitas vezes a reconstrução de mama pode ser realizada com implantes de silicone, usando apenas o seu próprio tecido ou associando as duas técnicas.
Nos casos em que a mama não é removida completamente (tratamento conservador), técnicas de mamoplastia estética podem ser utilizadas para a reconstrução.
E se eu não quiser fazer a reconstrução de mama com implantes de silicone?
Existem várias possibilidades de reconstrução mamária sem o uso de implantes. É a reconstrução autóloga, ou seja com tecidos próprios. Podem ser utilizados os tecidos abdominais (DIEP, MS-TRAM), o uso de tecidos do dorso (grande dorsal) ou uso de gordura. Em todos estes casos não é necessário o uso de implantes.
E se eu fizer o tratamento conservador e depois decidir colocar um implante de silicone?
Se você fizer o tratamento conservador, você será submetida à radioterapia. Nesse caso o uso de implantes de silicone deve ser evitado pelo alto índice de complicações em mamas irradiadas com implantes.
Quanto tempo vou levar para finalizar a reconstrução?
Varia de caso a caso. Em algumas pacientes a reconstrução poderá ser em tempo único com colocação imediata de silicone.
Outra possibilidade é a reconstrução em dois tempos: na primeira etapa a mama é reconstruída e após seis a 12 semanas, são feitos os ajustes /simetrização na outra mama, refinamentos necessários e reconstrução de mamilo.
Essas etapas podem ser mais curtas ou até suprimidas, por exemplo, se houver preservação de mamilo, de pele, e a simetrização da outra mama no momento da mastectomia.
Por outro lado, quando há necessidade de quimioterapia e radioterapia, o término da reconstrução pode levar até mais de 12 meses.
E se eu fizer radioterapia?
Se houver necessidade de radioterapia, pode haver perda do resultado estético da reconstrução. Muitas pacientes precisam realizar outros procedimentos cirúrgicos nesse caso. Discuta com seu mastologista a necessidade ou não de radioterapia.
A reconstrução muda o risco do câncer retornar?
O risco de recidiva do câncer depende do estágio da doença e das caracterírticas biológicas do câncer. A reconstrução de mama não aumenta o risco de recidiva do câncer e também não atrapalha a detecção precoce do câncer se ele recidivar.
Tenho risco de desenvolver inchaço no braço após o tratamento do câncer de mama?
O inchaço do braço se chama linfedema e pode, sim, ocorrer após o tratamento do câncer de mama. O risco varia em 5% a 40%, dependendo de alguns fatores como uso de radioterapia e quantidade de linfonodos retirados da axila.
Existe alguma coisa que pode ser feita para prevenir o linfedema?
Sim, o linfedema é causado pelo bloqueio da passagem da linfa na axila. Durante o esvaziamento axilar pode ser realizada uma ponte “bypass” dos vasos linfáticos antes do bloqueio na axila para pequenas veias no braço. Converse com seu mastologista sobre o linfedema e se houver indicação de esvaziamento axilar, agende uma consulta para conversarmos sobre a possibilidade de anastomoses “bypass” linfovenosas.